sexta-feira, 17 de abril de 2009

Shine on you crazy diamonds

Desde que vim para a Universidade que as minhas férias se reduziram para ¼. Sim, é verdade que de duas semanas sem aulas passei a ter uma, mas tendo em conta que metade das férias é passada a fazer trabalhos a Universidade, o tempo que resta para as chamadas “férias” vê-se consideravelmente reduzido. Porém, este ano os meus pais exigiram a minha presença nas férias pascais e raptaram-me (quase literalmente) para o Algarve, praticamente uma semana. Lá fui eu, um pouco a contra-gosto, até porque o meu chéri ficava sozinho em Aveiro entregue às tigresas deste mundo. E que férias são estas em que temos que ir com o computador atrás e meia dúzia de livros escolares na mochila, com o peso do trabalho às costas, a espreitar em cada esplanada, por entre gelados na Martinique Velha e jogos à sueca na marina de Albufeira?
Bom, o objectivo deste texto não é falar das férias. Hum… férias, não. Chamemos-lhe “Semana passada no Algarve em tempo sem aulas”. Apesar das tardes passadas ao PC, a Semana foi óptima: estar com os papás de “férias” é sempre sinónimo de comer bem, ir a sítios catitas, nada de tarefas domésticas e pôr o paleio em dia com a famelga, particularmente com a maninha mais nova.
Mas do que eu quero falar é da viagem de regresso. Claro que estivemos até à última para iniciá-la. Manhã foi para as meninas dormirem, almoço à beira-mar para despedir da praia, café no bar da Santa Eulália para a última jogatana. Depois, fazer malas, metê-las no carro (uma verdadeira tarefa hercúlea do patriarca da família), ir a Vilamoura fazer um favor a um amigo do meu pai, enfim, com isto eram quase cinco horas e nós a iniciar a viagem definitiva de regresso ao Norte.
O que interessa é que nem a meio caminho íamos quando nos deparámos com uma fila interminável de trânsito que durou duas horas até à cortada que dá para Santarém, onde nos livrámos dos lisboetas que vieram passar o fim-de-semana ao Sul. Mas foram duas horas de plena “Chuva de estrelas”. A ouvir Pink Floyd a altos berros, comigo a cantar o “shine on you crazy diamonds” em plenos pulmões, o meu pai a fingir os solos da guitarra e a minha irmã a “tocar” bateria, não sei se a maior tortura para a minha mãe foram as quatro horas seguidas no carro, se a panóplia de desafinações que ali imperava.
Este paleio todo só para dizer que uma das músicas da minha vida é esta: “Shine on you crazy diamonds”, dos Pink Floyd. Só vi o meu pai a chorar em três situações desde que me lembro de ser eu: quando os meus avós morreram e uma vez, há uns anos, no carro, a ouvir esta música. Apesar da pressa em pôr os óculos de sol, consegui ver aqueles olhinhos azuis molhados com a emoção. Para ele, posto aqui essa música.



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